Em sua mais recente publicação, a Luzone Capital concluiu seu relatório econômico, destacando os principais fatores que impactam a economia do Brasil e do mundo, principalmente no primeiro trimestre de 2024.
O relatório serve como guia e fonte de conhecimento para diversas empresas, que podem se basear no relatório para verificarem as condições macroeconômicas que podem definir o mercado em que atuam.
Para maior acesso dos clientes, a Luzone Capital reproduz abaixo a íntegra do relatório, bem como compartilha por meio de seus canais oficiais o documento para sua base de contatos e clientes.
PANORAMA ECONÔMICO - MARÇO/2024:
O principal relatório econômico da ONU, o World Economic Situation and Prospects (WESP), prevê uma desaceleração no crescimento global de 2,7% em 2023 para 2,4% em 2024. Para a América Latina e Caribe os números são ainda piores, queda de 2,2% em 2023 para 1,6% em 2024. “A América Latina continua enfrentando o desafio de implementar políticas macroeconômicas e industriais contracíclicas ativas para impulsionar o crescimento e o investimento, expandir o bem estar social e criar resiliência”, diz o relatório.
Já segundo o relatório do Banco Mundial, o Global Economic Prospects, “o crescimento global se desacelerará ainda mais este ano em meio a um cenário de políticas monetárias e condições financeiras restritivas e baixos níveis de investimentos e comércio globais. Os fatores de risco incluem a escalada do recente conflito no Oriente Médio, as tensões financeiras, inflação persistente, a fragmentação do comércio e os desastres climáticos”.
A inflação alta em vários países, principalmente nos EUA e nos países da Europa continuam levando a um aperto na política monetária dos Bancos Centrais, a continuar nesse cenário poderemos ter uma desaceleração do crescimento econômico pois as famílias estão sendo impactadas pela inflação e estão reduzindo o consumo.
A grande incógnita do mercado financeiro mundial é quanto ao momento do corte dos juros americanos e a expectativa é maior para o segundo semestre. A CME, Bolsa de Chicago precifica o início do corte para julho. O Federal Reserve (Fed) prevê uma inflação de 2,5% para 2024 e 2,1% para 2025. A expectativa é que a inflação nos EUA volte a meta de 2% em 2025.
Mesmo com os dados negativos da inflação nos Estados Unidos no ultimo ano, as bolsas americanas alcançaram máximas históricas e isso influenciou positivamente os mercados globais. As empresas de tecnologia, principalmente a Nvidia nos últimos tempos, puxaram os números para cima, em uma trajetória positiva de muitos meses.
Enquanto isso a China dá sinais de desaceleração, dados do Peterson Institute demonstra que o percentual de empresas privadas entre as 100 maiores companhias chinesas em dezembro último foi de 36,8%; 41,7 em dez/22; 47,8 em dez/21 e 53,9 em dez/20.
O FMI e o Banco Mundial já preveem crescimento menor para a China neste e nos próximos anos. O maior problema lá é a crise imobiliária, cujo setor encolhe desde 2021, 2023 registrou a menor quantidade de novas construções desde 2006, além disso, os preços estão caindo.
Para piorar o cenário, a população está envelhecendo e a força de trabalho está diminuindo, são dados preocupantes mas que por outro lado, no curto prazo pode ajudar a diminuir a inflação mundial pois a China já exporta deflação no preço dos seus produtos. Qualquer que seja o caminho da China, ele nos interessa e deve ser acompanhado bem de perto, os chineses são um dos maiores investidores no Brasil e compram quase um terço das nossas exportações (31%).
A guerra na Ucrânia ainda impacta o cenário global e o recente conflito entre Israel e a Palestina impacta o transporte marítimo na região, principalmente no Golfo de Aden e Mar vermelho, afetando o comércio internacional.
Além disso, as mudanças climáticas estão cada vez mais causando problemas e gerando grandes impactos negativos na economia em todo o mundo, e a grande preocupação atual e quanto ao impacto na agricultura e geração de alimentos.
O risco de recessão global em 2024 não está descartado caso a inflação continue alta nos países desenvolvidos e a guerra na Ucrânia não termine. A alta dos juros pode acarretar ainda uma piora no cenário empresarial não só por causa do custo do endividamento mas também pelo baixo investimento gerado nesse cenário.
No meio empresarial, o número de recuperações judiciais no país não para de crescer e continua a preocupar, 2023 teve um recorde no volume de pedidos, com 1.405 pedidos registrados ao longo do ano, um aumento de quase 70% em relação a 2022. O ano terminou com 4.045 empresas em processo de reestruturação, índice muito alto segundo especialistas.
Segundo o Serasa Experian, cerca de um terço das empresas brasileiras estão inadimplentes, são 6.6 milhões no fim de 2023 para um total de 20,8 milhões de empresas, números alarmantes e maior nível desde 2016.
Esse problema não apresenta sinais de melhora no curto prazo e pode ainda piorar se nada for feito pelo governo que parece estar alheio ao assunto. Além das altas taxas de financiamento, a tributação dos financiamentos é perversa e inadequada. Especialistas apontam a necessidade de uma nova arquitetura fiscal tributária para o setor bancário, um exemplo que temos hoje, se uma empresa usar o cheque especial por um único dia paga em média taxas anualizadas de quase 350% mais uma taxa anualizada de 220% de IOF.
Os problemas de estruturação de capital tem demandado bastante atenção dos empresários e gerado muito trabalho para as consultorias financeiras.
A dívida pública também volta a incomodar, após 2021 e 2022 em queda, o endividamento bruto da União, Estados e Municípios em 2023 chegou a 74,3% do PIB, o déficit de R$ 249 bilhões foi o segundo maior da história, crescendo 2,7% em relação a dezembro de 2022 e só é menor que o déficit de 2020, este em razão da pandemia. Esta alta está relacionada ao déficit nas contas públicas, a despesa com juros e ao pagamento dos precatórios atrasados.
Alguns problemas do ambiente econômico não se alteram com o passar dos anos, como o novamente tão discutido problema de segurança, no Brasil as empresas gastam em torno de 171 bilhões de reais com segurança segundo dados do IPEA, algo que deveria ser provida pelos governos municipais, estaduais e federal, o valor é absurdamente alto e mina recursos empresariais que deveriam estar investidos nos negócios.
Alguns problemas do ambiente econômico não se alteram com o passar dos anos, como o novamente tão discutido problema de segurança, no Brasil as empresas gastam em torno de 171 bilhões de reais com segurança segundo dados do IPEA, algo que deveria ser provida pelos governos municipais, estaduais e federal, o valor é absurdamente alto e mina recursos empresariais que deveriam estar investidos nos negócios.
Por outro lado, no lado positivo da economia temos uma inflação sob controle, uma taxa de desemprego diminuindo e um rendimento médio real do trabalhador aumentando.
O mercado de Fusões e Aquisições está bastante aquecido, apresentando boas oportunidades, além das empresas nacionais, há empresas e fundos internacionais buscando bons negócios no Brasil.
Temos ainda duas boas notícias nas alterações das expectativas de mercado segundo o último Relatório Focus considerando o relatório de 4 semanas atrás, a diminuição na inflação e aumento do PIB para este ano. Para os anos seguintes permanecem estáveis pois 0,01% no aumento do IPCA para o próximo ano não é preocupante no momento.
Os próximos meses serão importantes para acompanharmos se haverá algum impacto da inflação maior fora do Brasil na nossa economia e se o Banco Central vai manter o esperado ritmo de baixa da taxa de juros.